INFECÇÃO PELO ZIKA VIRUS


 

Definição

A infecção pelo Zika virus é uma doença transmitida ao homem pelos mosquitos Aedes aegypti ou pelo Aedes albopictus.  É uma doença típica das regiões de clima tropical e subtropical tendo uma ocorrência maior nos períodos de calor e chuva. A doença é endêmica em alguns países da África e do sudeste da Ásia. A doença tem uma evolução benigna, apesar de todo mal-estar que acomete o paciente. Não tem complicações significativas e não deixa sequelas no paciente. Não existem registros de óbitos provocados pela doença. Porém, a partir do segundo semestre de 2015, cientistas associaram e depois confirmaram em dezembro de 2015 casos de microcefalia em recém-nascidos com a infecção do Zika virus pela gestante.

 

Histórico

O vírus foi isolado em 1947, pela primeira vez na Floresta de Zika, em Uganda, a partir de amostras de  macaco Rhesus. Foi batizado então como Zika Virus. O contágio em seres humanos só foi identificado em 1968, na Nigéria. Em 2014, foi identificado por especialistas no Chile, na Ilha de Páscoa. No Brasil, foi identificado pela primeira vez em 2015, por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Incidência

Ocorre mais nos meses do verão, por causa da maior proliferação do mosquito vetor.

Ocorrência maior em regiões de clima tropical e subtropical.

 

Agente etiológico

 

O Zika virus é um Arbovírus do gênero Flavivírus, pertence à família Flaviviridae. Pertence à mesma família dos vírus da dengue e da febre amarela.

 

Vetores

Mosquito fêmea Aedes aegypti, mesmo transmissor da dengue e da febre chikungunya. Mosquito de cor escura, rajado com manchas brancas pelo corpo e pernas, tem hábitos diurnos. É originário da África. Procura colocar as suas larvas em água parada e limpa.

 

Reservatório

O homem é o único a participar no ciclo transmissor. 

Transmissão

·         Transmissão do vírus é vetorial, isto é, por meio da picada dos mosquitos  fêmeas Aedes aegypti ou pelo Aedes albopictus.

·         Existem relatos de transmissão sexual do Zika virus, mas ainda estão sendo confirmados pela comunidade científica.

·         O homem é capaz de transmitir  o vírus para o mosquito desde o 1° dia antes do aparecimento dos sintomas até 5 dias após terem surgido os sintomas. O mosquito torna-se infectante entre 8 e 12 dias após ter picado o doente e assim permanece pelo resto de sua vida.

 

Periodo de incubação

O período entre a picada do mosquito e o início dos sinais e sintomas é de aproximadamente  de 4 a 10 dias. Logo após este período de incubação o paciente começará a sentir os primeiros sinais e sintomas da doença.

Período de duração

Em média, a doença dura de 3 a 5 dias nas crianças e 8 dias nos adultos. A prostração e a falta de apetite podem perdurar por alguns dias após a fase febril da doença, principalmente nos adultos.

 

Microcefalia em recém-nascidos e o Zika virus

 

O Zika virus (ZIXAV) foi isolado pela primeira vez no continente africano, em Uganda, nos macacos na Floresta de Zika. Até os anos de 2015, a infecção pelo Zika virus, não causou maiores cuidados das autoridades sanitárias, visto que a sua infecção tinha uma evolução benigna, sem trazer complicações nem sequelas para o homem.

No Brasil, em novembro de 2015, cientistas brasileiros detectaram óbitos de pessoas infectadas pelo vírus, e um surto de casos de microcefalia em bebês, inicialmente nos estados do nordeste brasileiro, onde a proliferação do vírus tornou-se praticamente endêmica.

Está confirmado por cientistas que o vírus sofreu várias mutações, aumentando a capacidade de replicação nas células humanas. O virus tem preferência pelas células jovens do sistema nervoso central.

A Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde reconheceram oficialmente a relação entre o nascimento de recém-nascidos com microcefalia e o Zika virus no Brasil.

Os bêbes contaminados pelo Zika virus, apresentam microcefalia e alterações oculares já confirmadas. O Zika virus consegue atravessar a barreira placentária e se aloja de preferência no sistema nervoso central impedindo que o cérebro do feto se desenvolva normalmente.

A microcefalia é identificada quando o perímetro cefálico é menor do que 32 cm. Ao nascer a microcefalia pode ser logo identificada devido a uma deformidade craniofacial. Com o decorrer do crescimento da criança essa deformidade fica mais evidente. A má-formação pode ter sérias complicações dependendo da gravidade, tais como, déficit cognitivo grave, comprometimento visual, auditivo e distúrbios da fala, baixo peso e estatura, e convulsões (epilepsia)

O Ministério da Saúde disponibilizou um manual voltado para profissionais, que traz orientações sobre a preparação de um programa de estimulação precoce, para recém-nascidos com microcefalia decorrente do Zika virus.

No caso de mulheres grávidas, o pré-natal é fundamental para que a gravidez seja tranquila. Gestante com diagnóstico confirmado de microcefalia no feto deve ter um acompanhamento pré-natal especializado.

Caso queira engravidar, se possível espere um pouco até que a epidemia seja controlada pelas autoridades sanitárias, para não correr o risco de ser infectada pelo Zika virus, e colocar o seu bebê em risco de vida.

 

Maiores informações sobre microcefalia pelo Zika virus em recém-nascidos, consulte no site “Doenças do Recém-nascidos

 

Sinais e sintomas

 

Na grande maioria dos casos, cerca de 80%, a doença é assintomática.

Quando aparecem os sinais e sintomas, esses podem durar em média 7 dias. Mas o mal-estar, a prostação e as dores no corpo demoram mais tempo para desaparecer totalmente, em alguns casos podem perdurar por meses. Os sintomas iniciais da doença são febre e manchas vermelhas na pele do rosto e nas costas, logo após começam a aparecer outros sintomas, que podem variar de pessoa para pessoa.

 

Sintomas mais frequentes:

·         Febre intermitente (em média 38 graus).

·         Aparecimento de manchas com pontos brancos ou vermelhos (exantema maculo-papular) no rosto, tronco, membros inferiores e superiores, palma das mãos e dos pés.

·         Inchaço no corpo, principalmente na região do rosto e membros.

·         Náuseas.

·         Astenia (fraqueza).

·         Artralgias (dores articulares), principalmente nas mãos e nos pés.

·         Cefaléia (dor de cabeça) que se localiza principalmente atrás dos olhos.

·         Mialgias (dores musculares)

·         Dor nas costas.

·         Hiperemia conjuntival (olhos vermelhos) sem secreção e sem coceira.

·         Fotofobia (a luz incomoda os olhos).

·         Dor retrocular (dor nos olhos).

·         Aumento dos gânglios linfáticos.

·         Diarréia (alguns casos).

·         Prisão de ventre (alguns casos).

·         Dor na região abdominal.

·         Prurido (coceira).

·         Prostação.

·         Inapetência (falta de apetite).

·         Geralmente o paciente se queixa de dor em todo o corpo (como estivesse levado uma surra).

 

Sintomas menos frequentes:

·         Dor de garganta.

·         Tosse.

·         Vômitos.

·         Sangue no esperma.

 

Gestantes: o Zika virus pode causar microcefalia (perímetro encefálico menor que 32cm) e alterações neurológicas no feto. As mulheres grávidas que foram infectadas pelo virus deve ter um atendimento diferenciado e mais especializado.

 

Diagnóstico

·         Anamnese.

·         Exame clínico.

·         Exame físico.

·         Exames laboratoriais: exames específicos para pesquisar a presença de anticorpos ou fragmentos do vírus no sangue.

 

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial deve ser feito para que a Infecção pelo Zika virus não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico e laboratorial, o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças  que podem ser confundidas com a Infecção pelo Zika virus são as seguintes:

·         Dengue.

·         Febre Chikungunya.

·         Alguns tipos de viroses respiratórias.

 

Tratamento

Não existe tratamento específico para essa patologia.  Ainda não foi desenvolvido antiviral específico para combater essa patologia.

 

Objetivo: aliviar os sintomas da doença. Não há terapêutica específica para  infecção pelo Zika virus. Não existe vacina. O tratamento é sintomático, conforme os sintomas apresentados e suas intercorrências. O paciente deve ter acompanhamento médico.

 

·         Analgésicos para aliviar as dores.

·         Antitérmicos para combater a febre.

·         Antialérgicos para combater a coceira, que em alguns casos pode ser intensa.

·         Anti-inflamatórios

·         O paciente deve ser bem hidratado, isto é, beber muita água ou outros líquidos como sucos, etc.

·         Aplicação de colírios recomendados pelo médico.

·         Repouso em casa.

·         Alimentação mais balanceada em vitaminas e minerais.

 

Obs: É proibido tomar qualquer medicamento que tenha  a substância ácido acetilsalicílico (AAS), devido ao risco do aumento de hemorragias.

 

Atenção:  O paciente com o Zika virus deveria se possível ficar em um leito protegido com um mosquiteiro pelo menos nos primeiros 5 dias da doença, para impedir que um novo mosquito Aedes aegypti não infectante, pique a pessoa contaminada pelo vírus e se torne infectante, podendo transmitir a doença para outras pessoas sadias.

 

Prevenção

A doença é de notificação compulsória.

Combater os focos do mosquito Aedes aegypti.

Não deixar água acumulada e evitar água parada, já que o mosquito transmissor se reproduz nesse ambiente.

A população deve ajudar na erradicação dos mosquitos transmissores da doença.

É importante salientar a importância da participação comunitária no controle do Aedes aegypti, porque a grande maioria dos criadouros do mosquito está situada no interior ou nas proximidades das residências, inclusive em depósitos de água criados pelo próprio homem. O controle deve orientar-se principalmente contra as formas larvárias do mosquito, reservando-se as medidas de ataque às formas adultas, no evento de epidemias do Zika vírus, ou então preveni-las.

Medidas sanitárias: (iguais ao combate do mosquito que transmite a Dengue)

·         Notificação Compulsória às Autoridades Sanitárias;

·         pulverização das zonas mais propensas ao mosquito  (Fumacê);

·         controle vetorial da região;

·         medidas para a erradicação do vetor;

·         campanhas educativas sanitárias para  a população;

·         campanhas educativas de prevenção da Dengue para a população, porque o mesmo mosquito que transmite a Dengue, também transmite o zika vírus.

 

Medidas gerais: (iguais ao combate ao mosquito que transmite a Dengue)

·         substituir a água dos vasos de plantas por terra;

·         evitar o cultivo de plantas em vasos com água;

·         lavar e manter seco o prato coletor de água;

·         não deixar pneus ou outros recipientes que possam acumular água;

·         manter as lixeiras tampadas e secas;

·         acondicionar o lixo em sacos plásticos fechados;

·         bebedouros de animais devem ter a água trocada pelo menos 2 vezes por semana, depois de serem lavados e escovados;

·         não jogar lixo nos terrenos baldios;

·         guardar as garrafas vazias secas, sempre para baixo;

·         furar toda vasilha de lata antes de jogá-la no lixo para que não acumule água;

·         manter sempre tampados os filtros, cisternas, reservatórios e poços;

·         ficar atento a plantas que podem acumular água;

·         se a planta necessitar de água no prato, pode-se colocar areia em volta do prato; 

·         utilizar água clorada (40gts de água sanitária a 2,5% para cada litro) para regar bromélias ou outras plantas que acumulem água, duas vezes por semana;

·         usar repelente  para mosquito quando estiver em zona endêmica;

·         o uso do ar-condicionado ajuda a afugentar o mosquito, ele foge de ambientes com temperatura abaixo dos 18 graus centígrados;

·         usar mosquiteiros sobre as camas;

·         instalar telas nas janelas e portas para dificultar a entrada do mosquito na residência.

 

 


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